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O que reserva o futuro? - Aqui estão as tendências de UX Design que esperamos que dominem 2023

Dezembro 21, 2022

Quando 252.000 novos websites são criados todos os dias e existem sete milhões de apps disponíveis nas plataformas iOS e Android, é bastante claro que estamos a viver uma era de digitalização que não mostra sinais de abrandar.

À medida que novas tecnologias surgem e evoluem, as empresas precisam de compreender como podem tomar partido delas para vencer num mercado tão superlotado e sempre competitivo. 

O UX design (experiência de utilizador) já não é apenas uma opção, mas um requisito obrigatório para as empresas. Os comportamentos e preferências dos utilizadores estão constantemente a mudar, por isso há uma necessidade de acompanhar essas mudanças para garantir uma experiência perfeita. Uma experiência que converta utilizadores em clientes compradores, e os faça querer voltar.

As empresas devem manter-se actualizadas sobre as tendências de experiência do utilizador e de design de interfaces, por isso seleccionámos 7 tendências que já estão a causar, e irão certamente continuar a causar, impacto no desenvolvimento de websites e apps:

  1. Mobile-first design
  2. Design para dobráveis
  3. Personalização
  4. Scrollytelling
  5. Realidade virtual e aumentada
  6. Ferramentas baseadas em IA
  7. Acessibilidade como um requisito legal

1. Mobile-first design 

Por estes dias, mais do que usar um PC ou um tablet, as pessoas preferem usar os seus telemóveis para navegar na internet. De facto, a adopção de smartphones está gradualmente a ultrapassar a adopção de computadores e portáteis. Os dispositivos móveis (excluindo tablets) geraram 58.99% do tráfego mundial de websites no segundo trimestre de 2022. 

As empresas precisam de mudar o seu foco para o design mobile-first, que significa desenhar para smartphones primeiro e depois redesenhar para outros dispositivos, como computadores e tablets. Isto implica a adopção de práticas de design responsivas, garantindo que o design escala correctamente entre diferentes resoluções de ecrã e dispositivos. 

No que diz respeito ao SEO (Search Engine Optimisation), o algoritmo de pesquisa do Google também favorece websites que priorizam uma experiência móvel acessível, o que pode ajudar a aumentar o tráfego online. 

Em 2023, estima-se que 8% de todas as transacções de comércio sejam feitas num dispositivo móvel. E prevê-se que exceda os 10% até 2025. Quando uma grande parte das compras online são feitas via dispositivos móveis, criar uma experiência perfeita que se adapta ao comportamento de compra online em constante mudança dos utilizadores, torna-se bastante importante para converter visitantes em clientes pagantes. 

Fotografia de Andrea Piacquadio no Pexels

2. Desenhar para dobráveis

Os telemóveis dobráveis estão gradualmente a ganhar terreno no mercado global de smartphones. Enquanto que até agora a Samsung tem vindo a dominar o mercado com o Z Fold, está agora a enfrentar alguma competição da marca Chinesa Honor que anunciou recentemente o seu novo telemóvel dobrável, que irá estar também disponível no estrangeiro.

A Gartner estima que os telemóveis dobráveis contabilizarão 30 milhões de unidades até 2023, o que representa 5% dos telemóveis de última geração. Com a crescente procura por estes dispositivos, o desenvolvimento de apps para dobráveis torna-se mais significante. 

O Google está já a falar sobre considerações de hardware e UI ao adaptar apps para ecrãs dobráveis. De facto, anunciaram recentemente a optimização das suas apps workspace (Google Docs, Sheets e Slides) para tablets e telemóveis dobráveis. Irão também actualizar mais aplicações para funcionarem nesses dispositivos num futuro próximo.

Os utilizadores estarão à espera que estas aplicações apresentem características e funcionalidades úteis valiosas, para que possam tirar o melhor partido do seu dispositivo dobrável. Para os designers, enquanto os ecrãs dobráveis abrem um mundo de novas oportunidades de inovação e criatividade, surgem também uma série de considerações de design. Por exemplo:

  • Múltiplas posturas do dispositivo - dobrado, desdobrado e meio aberto (mesa);
  • Possibilidade de multi-tarefas - dobráveis com um grande ecrã têm o tamanho de um tablet o que facilita a realização de várias tarefas no modo multi-janelas, onde várias apps podem partilhar o mesmo ecrã simultaneamente;
  • Acessibilidade - localização de elementos UI quando o dispositivo pode ser operado com uma ou duas mãos; 
  • Continuidade de ecrã - como os utilizadores mudam entre o estado dobrado e desdobrado, as apps devem oferecem uma experiência perfeita ao transitar de um ecrã para o outro.

Layout adaptados optimizados para ecrãs dobrados e desdobrados (Developers)

3. Personalização

Considera-mo-la uma tendência para 2022, mas a procura pela personalização não mostra sinais de abrandar. Deixou de ser um bónus bom de se ter para algo essencial para as marcas se destacarem e vingarem num ambiente altamente competitivo. 

Um estudo recente mostrou que 73% dos consumidores esperam que as empresas compreendam as suas necessidades e expectativas únicas. Ao desenhar experiências personalizadas as marcas podem ganhar a lealdade do consumidor e encorajar os utilizadores a continuarem a voltar.

Não à custa de dados pessoais 

De acordo com a Twilio, 63% dos consumidores concordam com a personalização - desde que as marcas usem os seus próprios dados. Os utilizadores estão a ficar cada vez mais preocupados com quem tem acesso aos seus dados e como os utilizam. Nesse sentido, Governos de todo o mundo estão a publicar leis e regulamentos de privacidade, com penalidades severas para os infractores. 

As novas leis de privacidade estão a restringir o uso de cookies de terceiros. Por isso, as marcas precisam de aproveitar o uso de dados primários dos clientes - referências de produtos, histórico de compras, interacções de redes sociais, endereço de email e IDs dos dispositivos. Estes permitem que os utilizadores recebam uma experiência personalizada sem por em risco a sua privacidade. 

Personalização potenciada pela IA

Outra forma de garantir uma experiência de utilizador personalizada é tomar partido da inteligência artificial (IA) e de machine learning (ML). Marcas como a Netflix, o McDonald’s e o Starbucks estão já a utilizá-las para adaptar os seus produtos e serviços às necessidades específicas dos utilizadores (leia mais sobre estes exemplos no artigo sobre as tendências UX para 2022). 

A Amazon abriu recentemente a sua primeira loja física - Amazon Style. Oferecem uma experiência de compra superior que é construída à volta da personalização. “Os nossos algoritmos de machine learning produzem recomendações personalizadas em tempo real para cada cliente enquanto compram. À medida que os clientes exploram a loja e digitalizam os items que lhes chamam à atenção, recomendamos escolhas apenas para eles. Para uma experiência ainda mais personalizada, os clientes podem partilhar informação sobre o seu estilo, tamanho e outras preferências para receberem recomendações mais refinadas.”

Fonte: Amazon Style

4. Scrollytelling

Ao misturarmos scrolling com storytelling (em Português, contar histórias) obtemos scrollytelling, uma das maiores tendências para 2023. É também denominada de scrolling imersivo e permite aos designers controlarem o conteúdo que mostram aos utilizadores, e como esse conteúdo é mostrado, normalmente de uma forma estratégica e narrativa.

Fazer scroll numa página web desencadeia animações suaves e elementos dinâmicos que comunicam uma história. Quando feito de forma correcta, além de melhorar a aparência estética da página web, pode fazer com que os utilizadores fiquem mais envolvidos com a marca. 

O scrollytelling é uma forma muito efectiva de exibir produtos. A Apple e a One Plus são bons exemplos disso. Em vez de serem sobrecarregados com as especificações do produto, os utilizadores são apresentados a blocos de conteúdo simples que misturam títulos directos e visuais deslumbrantes.

Página do Iphone 14 Pro no website da Apple

A Every Last Drop quer alertar as pessoas sobre a utilização de água no Reino Unido. Grandes blocos de texto e algumas imagens de stock tornariam-o aborrecido e difícil de digerir. Em vez disso, convidam-nos a fazer scroll pela página e contam-nos uma história através de ilustrações animadas.

Um último exemplo é o website biográfico sobre Stanley Kubrick que certamente não pode competir com uma página estática da Wikipédia. 

5. Realidade Virtual e Aumentada

Qual é a diferença entre Realidade Aumentada e Realidade Virtual?

Realidade Aumentada - facilmente acessível por toda a gente com um smartphone. Usa o ambiente do mundo real para projectar imagens e figuras virtuais através da câmera do telemóvel. 

Realidade Virtual - requer um headset. É completamente virtual, produzindo uma simulação de um ambiente totalmente gerada por computador.

Em 2022, o Facebook reformulou-se como Meta e trouxe para a cena a vida no Metaverso. O Metaverso é uma combinação de diferentes elementos tecnológicos como a realidade virtual, a realidade aumentada e o vídeo, onde os utilizadores vivem dentro de um universo digital. Tem ajudado a realidade virtual a ganhar popularidade e temos assistido a um maior interesse sobre mundo virtuais. 

Apesar da plataforma do Metaverso, Horizon Worlds, ter reportado 300.000 utilizadores mensais activos em Fevereiro de 2022, diminuiu agora para 200.000 utilizadores mensais. A maioria dos utilizadores geralmente não regressa depois do primeiro mês. Dados longe do crescimento previsto de mais de meio milhão de pessoas. 

Enquanto as pessoas podem ainda não estar muito viradas para interagir com amigos e desconhecidos com uns óculos de realidade virtual agarrados sua cara, o mundo real e o mundo digital estão a ficar cada vez mais conectados através da realidade virtual e da realidade aumentada de muitas outras formas, em várias indústrias, desde a educação e comércio, à saúde.

A realidade virtual é agora usada na app Fita Métrica do iOS para medir automaticamente a altura de uma pessoa ou o tamanho de objectos reais. O Apple Maps usa também realidade aumentada para fornecer direcções a pé imersivas. Podemos levantar o iPhone para ler os edifícios da área e o Maps gera uma posição altamente precisa para fornecer direcções detalhadas que podem ser vistas no contexto do mundo real. As realidades virtual e aumentada são já vastamente usadas na indústria dos jogos, como por exemplo no Pokémon GO ou PlayStation VR.

App Fita Métrica | Walking Directions no Apple Maps | PlayStation VR headset | Pokémon GO

Em 2022, vimos a primeira Semana da Moda de Realidade Virtual com marcas de renome mundial como Tommy Hilfiger, Perry Ellis, Dolce & Gabbana, Ellie Saab, Estée Lauder, entre outras.

Fonte: Dolce&Gabbana enters the Metaverse

O e-commerce é uma das indústrias que tem tomado partido da realidade aumentada. O IKEA Place, por exemplo, ajuda os clientes a configurarem os seus próprios espaços com modelos 3D em escala real da sua mobília. A Amazon Fashion fez recentemente uma parceira com o Snap para permitir que os clientes usem a realidade aumentada para experimentarem diferentes marcas de óculos antes de fazerem uma compra. O Virtual Try-On Shoes, também da Amazon, deixa-nos visualizar como os sapatos ficam nos nossos pés em todos os ângulos antes de comprarmos. 

Fonte: Amazon

Em Portugal, o banco BPI está a dar os seus primeiros passos no Metaverso ao lançar o seu primeiro balcão em realidade virtual. Ao usar o headset Meta Quest 2, os clientes podem aceder a conteúdos sobre os serviços bancários.

Fonte: BPI

As marcas começaram a tomar partido da realidade aumentada e da realidade virtual para criar experiências personalizadas e envolventes e irão certamente continuar por esse caminho. Os consumidores estarão à espera disso mesmo.

De acordo com um estudo recente, interagir com produtos que têm experiências de realidade aumentada leva a uma taxa de conversão 94% maior. Tal acontece porque os utilizadores podem acedê-los melhor e sentir-se mais conectados com as marcas.

As tecnologias de realidade aumentada e realidade virtual estão a ser desenvolvidas e comercializadas a um ritmo rápido, tornando-se mais acessíveis para todos adoptarem, e nos próximos anos é esperado que sejam mais largamente utilizadas. 

À medida que os utilizadores vão além da interface de ecrã e mergulham num mundo virtual completamente novo, as interacções terão de ser mais realistas e imitar o ambiente real. 

6. Ferramentas baseadas em IA

A inteligência artificial (IA) já não é algo de um futuro utópico. Está gradualmente a entrar em diferentes esferas da nossa vida, e o Design não é excepção. 

Espera-se que as próximas tecnologias de IA afectem a área do Design nos próximos anos. Tomemos a IA Generativa por exemplo. Está já a tornar alguns processos de design mais fáceis. A Adobe está a usá-la no Photoshop para gerar novos objectos e variações de objectos, e remover objetos existentes.

IA Generativa no Adobe Photoshop

Geradores online de paletes de cores potenciados por IA como o Colormind e o Khroma podem ajudar os designers com esquemas de cores únicos para os seus websites, apps e logos. Reduzem assim o esforço de procurar cores usando rodas de cores. 

O DALL-E 2 promete revolucionar a geração de imagens. Só precisamos de descrever a nossa ideia através de texto. Depois clicamos em ‘gerar’ e uma imagem original e realística é criada para nós. O software pode expandir imagens para além do que está na tela original. Pode adicionar e remover elementos, tendo em consideração sombras, reflexos e texturas, e pode pegar numa imagem e criar diferentes variações dela inspiradas no original. 

O DALL-E 2 a criar variações diferentes do quadro “A Rapariga do Brinco de Pérola” de Johannes Vermeer

No passado Junho, a artista digital Karen X. Cheng criou a primeira capa de revista gerada por IA, usando o DALL-E 2. Quando se tornar disponível ao público, o DALL-E 2 irá ser capaz de gerar um número ilimitado de fotos stock para projectos de design. 

Capa da Cosmopolitan, Junho 2022

No que diz respeito à melhoria de imagens, estão já disponíveis uma série de ferramentas - VanceAI, UpscalePics, Remini, Let’s Enhance. Permitem fazer o upload de fotografias antigas, de baixa qualidade e transformá-las em fotografias de alta-definição. Extremamente útil quando só se tem uma imagem de baixa qualidade para trabalhar e necessitamos de aumentá-la para usar em material impresso. 

O Remini tem também uma versão app para iOS e Android

Remover o fundo de uma imagem pode ser uma verdadeira dor, especialmente com fundos pouco contrastantes. A tecnologia de IA pode ser bastante útil com isso, pois usa reconhecimento visual para identificar pessoas e objectos e remover fundos automaticamente. Algumas ferramentas são já grátis - Erase.bg, Removebg e Clipping Magic, por exemplo. 

Fonte: Erase.bg

A IA torna agora possível que as marcas criem influencers virtuais. A marca de luxo Prada usou um modelo humano virtual para ser a cara do seu perfume “Candy”.

Fonte: Prada

Ferramentas IA de geração de caras, como o Face Generator ou This Person Does Not Exist, podem criar automaticamente uma cara ou é possível configurar a cara escolhendo a cor da pele, a expressão facial, o tamanho do cabelo, etc.

Fonte: Face Generator

Já que estamos a falar de caras e IA, o NVIDIA Maxine leva as comunicações em tempo-real de áudio de vídeo a um outro nível. Fornece rastreamento de rosto e estimativa de pose corporal potenciado por AI e 3D em tempo real, com base no feed padrão da câmara web. As suas funcionalidades incluem a simulação de contacto visual, estimando e alinhando o olhar com a câmera. 

Fonte: NVIDIA

Ferramentas baseadas em IA para geração de imagens, edição de imagens e ilustração serão uma ajuda importante para o trabalho dos designers. Tempo que antes era despendido em tarefas repetitivas como a remoção de fundos, pode agora ser usado para explorar ideias mais criativas. 

7. Acessibilidade como um requisito legal

Em 2022, todos os estados membros da União Europeia (UE) tiveram de transpor a Directiva Europeia de Acessibilidade para as suas leis nacionais. Tal implica que até 2025, as empresa são obrigadas a tornar os seus produtos e serviços acessíveis. Estes incluem ATMs, máquinas de bilhetes e check-in, transporte de passageiros, serviços bancários, e-commerce, etc. Isto significa que 2023 é o ano em que as empresas da UE precisam seriamente de preocupar-se em começar a aplicar standards e guias de acessibilidade aos seus produtos e serviços, ou arriscam infringir a lei. 

Também outros países, como os Estados Unidos ou o Reino Unido, têm os seus próprios requisitos legais no que respeita à acessibilidade, por isso desenhar para a acessibilidade não é algo com que apenas as marcas Europeias têm de preocupar. E, quando o Relatório de Acessibilidade do WebAIM detectou falhas em 96.8% das homepages, vemos como há ainda um longo caminho a percorrer para assegurar que os websites são desenvolvidos tendo em consideração todos os utilizadores e tornar a web verdadeiramente acessível a todos. 

Fotografia de cottonbro studio no Pexels

Serviços acessíveis com a Xperienz

Na Xperienz, queremos ajudar as empresas a oferecer produtos e serviços acessíveis a todos os seus utilizadores. Para simplificar a apresentação da avaliação de acessibilidade de um website a Xperienz criou a app Accessibility Compliance. Esta permite a consulta de todos os erros de acessibilidade encontrados em cada página do site, incluindo o tipo de erro (conteúdo, código, navegação ou design), a descrição e sugestão de correcção do erro, bem como o nível WCAG e a classificação da dificuldade de resolução. 

Cada erro remete para uma página de um relatório que apresenta a localização visual do erro na página web. Para agilizar a progressão do trabalho de correcção pelos developers e designers é também possível ir marcando a correcção de cada página como concluída. 

App Accessibility Compliance da Xperienz

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Saber as direcções tendência no design para a web e mobile para os próximos anos é fácil. O verdadeiro desafio é saber quais se adequam melhor ao nosso negócio e aplicá-las correctamente ao desenvolvimento dos nossos produtos web e móveis. Aceita o desafio?

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