Hábitos de Saúde no Confinamento
Julho 22, 2020
No passado mês de Maio, a Xperienz e outras 15 agências parceiras da rede internacional de investigação UX Fellows conduziram um estudo intercultural em 15 países diferentes sobre saúde e bem-estar durante o confinamento provocado pela situação de pandemia actual.
Em Portugal, a Xperienz realizou 8 entrevistas através da plataforma Zoom, sendo que para o estudo foram realizadas um total de 128 entrevistas remotas com participantes de 15 países diferentes, nomeadamente Alemanha, Itália, Portugal, Rússia, Finlândia, México, EUA, Singapura, França, Espanha, Reino Unido, Polónia, Turquia Colômbia e Austrália.
O objectivo
O intuito da investigação foi explorar se as motivações para manter e optimizar a saúde física e mental e o bem-estar individual são diferentes entre países e culturas, bem como que impacto a pandemia do Coronavirus e as restrições a ela associadas tiveram na atitude das pessoas em relação a esse tema.
Os resultados
Os participantes apresentaram uma definição holística de saúde semelhante, independentemente do país onde vivem, englobando tanto a saúde mental como física.
A saúde é um misto de tudo. Não é apenas um checkup, está relacionada com o teu estilo de vida, o equilíbrio que encontras entre a vida profissional e pessoal, a tua saúde física e mental.
Bianca (36) Itália
As restrições da pandemia tiveram tanto impactos positivos como negativos na saúde e bem-estar das pessoas. Enquanto em países como França, Itália, Espanha e Reino Unido, o distanciamento social e o trabalho a partir de casa fizeram com que as pessoas tivessem mais tempo livre e menos stress do que o normal, tendo também mais tempo para cozinhar, praticar exercício físico e descobrir novos hobbies, para outras pessoas, nomeadamente nos EUA e na Rússia, o confinamento causou mais stress e incerteza. Estas afirmam que tiveram mais dificuldade em se desconectarem do trabalho e que se sentiram sobrecarregadas pelo duplo fardo de gerir as responsabilidades domésticas e profissionais.
Como resultado do fecho generalizado de ginásios, das restrições no uso de equipamentos em parques públicos, da proibição de desportos organizados e actividades físicas em grupo, as pessoas viram-se obrigadas a encontrar novas formas e locais para se manterem activas. Começar a praticar exercício físico em casa foi uma experiência nova para muitos. O que mais causou frustração foi a limitação do tipo de desporto que podiam praticar, terem de treinar sozinhos e a falta de equipamento e de espaço para praticar desporto em casa.
Também a qualidade do sono foi afectada pelas restrições da pandemia. Enquanto alguns participantes reportaram que começaram a dormir mais porque não tinham de perder tempo na ida para o trabalho, outros mencionaram que conseguir dormir foi mais problemático devido à interrupção dos seus padrões e rotinas normais. Essa disrupção do sono foi ainda agravada pelo sentimento de ansiedade induzido por notícias relacionadas com a pandemia, especialmente em países como Espanha, México e Colômbia.
Para a maioria das pessoas, a nutrição melhorou durante a quarentena. O facto de terem mais tempo para planear e preparar refeições em casa, serem mais conscientes dos alimentos que compravam em idas limitadas ao supermercado e irem comer menos vezes fora fez com que tivessem mais controlo sobre o que comiam, levando-as a fazer opções mais saudáveis.
A tecnologia pode desempenhar um papel significante na optimização da saúde. Os participantes de todos os países utilizam smartwatches e/ou rastreadores de fitness para recolher dados enquanto praticam actividades desportivas como corrida, ciclismo e natação ou para actividades mais passivas, como contagem de passos. Em todos os países são também frequentemente utilizadas apps desenvolvidas especificamente para actividades como corrida, ciclismo, yoga ou treinos de fitness.
A entrevista explorou também o possível papel de assistentes digitais para atingir e manter objectivos de saúde. Neste âmbito, os participantes expressaram a sua preferência por uma tecnologia capaz de visualizar a saúde de forma holística, em vez de se focar apenas num único aspecto como a actividade física.
Os participantes foram também questionados sobre a sua opinião em relação às apps de rastreamento à COVID-19. Verificou-se que existem diferenças culturais sobre a utilização de tais apps. Apesar da maioria estar a favor, a sua utilização estaria dependente da confiança nas autoridades e da compreensão clara de que dados pessoais seriam recolhidos, como e quem teria acesso a eles. Em países como a Austrália e Singapura a app é já utilizada. Os participantes da Finlândia, Itália, EUA e Colômbia demonstraram estar bastante a favor de tal app.
As conclusões
O estudo concluiu que embora o apoio tecnológico à saúde, como por exemplo rastreadores de fitness e smartwatches, já seja adoptado em todo o mundo, a pandemia parece ter tornado este terreno ainda mais fértil. A tecnologia desempenha um papel importante na optimização da saúde e foi fundamental para a maior parte dos participantes se manterem activos durante o confinamento.
O estudo completo está disponível para download no site da UX Fellows em https://www.uxfellows.com/studies/study_health.html
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